Você já se sentiu sobrecarregado(a) com a avalanche de notificações, as constantes atualizações de software e aquela sensação de que nunca estamos a par de todas as novidades tecnológicas?
Pois bem, o que muitos de nós estamos a experienciar é um fenómeno cada vez mais comum: o tecnoestresse. Pela minha experiência pessoal, e vejo isso refletido em amigos e colegas, a linha entre a conveniência e a sobrecarga digital tornou-se incrivelmente tênue.
É como se, de repente, o nosso melhor amigo digital se transformasse num ditador exigente, sempre a pedir mais atenção, mais ‘likes’, mais respostas instantâneas.
Com a ascensão meteórica da Inteligência Artificial e a omnipresença das redes sociais, a pressão para estarmos sempre ‘ligados’ e produtivos atingiu um patamar sem precedentes.
Quem não se sentiu a tentar acompanhar a mais recente ferramenta de IA ou a temer ficar para trás? O futuro promete ainda mais interconexão, e se não aprendermos a gerir esta relação com a tecnologia, a nossa saúde mental pode pagar um preço alto.
É crucial, portanto, reconhecer os sinais e desenvolver estratégias eficazes para mitigar os seus efeitos. Mas como podemos fazer isso de forma prática no nosso dia a dia agitado?
Abaixo, vamos explorar em detalhe.
Reconhecendo os Sinais Sutis da Sobrecarga Digital
A vida moderna é uma corrida constante, não é? E, sinceramente, a tecnologia, que prometia simplificar tudo, muitas vezes parece ser o nosso treinador mais exigente.
Depois de meses a sentir uma irritação constante ao ver mais uma notificação a piscar no ecrã, percebi que algo estava errado. Não era apenas cansaço, era uma espécie de exaustão digital, uma ansiedade latente que me seguia mesmo quando tentava relaxar.
Este é o tecnoestresse a espreitar, e a primeira etapa para o combater é aprender a identificá-lo nos detalhes mais banais do nosso dia a dia. É crucial olhar para dentro e perceber como o nosso corpo e mente reagem a essa enxurrada de informação e interação.
Não é apenas uma questão de “desligar” o telemóvel, mas de entender as raízes profundas dessa sobrecarga. Senti na pele a dificuldade em concentrar-me numa única tarefa, a memória a falhar em coisas simples, e um zumbido constante de “tenho de verificar” a assombrar os meus pensamentos.
É uma sensação de estar sempre “ligado(a)”, mesmo quando o dispositivo está desligado.
1. Ansiedade e Irritabilidade Diária
Eu costumava rir da minha incapacidade de passar mais de dez minutos sem verificar o telemóvel, pensando que era apenas um hábito inofensivo. Mas a verdade é que essa “necessidade” de estar sempre conectado(a) transformou-se numa fonte constante de ansiedade.
É aquela sensação de “phantom vibration” – quando juramos que o telemóvel vibrou, mas não o fez. Ou a irritação que surge quando a internet falha por alguns segundos, ou quando alguém demora mais de dois minutos a responder a uma mensagem.
Estas reações exageradas são, na minha experiência, um sinal claro de que a nossa mente está num estado de alerta permanente devido à tecnologia. As pequenas frustrações digitais acumulam-se e transbordam para outras áreas da vida, afetando as nossas relações e o nosso humor.
Comecei a notar que até mesmo as interações offline me pareciam lentas ou insuficientes em comparação com a velocidade do mundo digital, o que me deixava ainda mais impaciente.
A sensação de estar sempre a perder algo importante (o famoso FOMO – Fear Of Missing Out) é uma manifestação potente desta ansiedade, que nos impele a estar sempre presentes, sempre a par, mesmo que isso signifique sacrificar o nosso bem-estar mental.
2. Dificuldade em Desconectar e Problemas de Sono
Noites em claro, a mente a correr a mil por hora com os “e se” digitais, ou os olhos colados ao ecrã até tarde da noite, prometendo a mim mesmo(a) “só mais um vídeo”.
Conhece essa história? Eu conheço-a demasiado bem. A luz azul dos ecrãs, como já se sabe, interfere com a produção de melatonina, a hormona do sono.
Mas não é só isso. É a estimulação constante, a quantidade avassaladora de informação que processamos ao longo do dia que torna quase impossível “desligar” o cérebro à noite.
O meu travesseiro tornou-se um palco para a revisão de e-mails de trabalho, discussões em grupos de WhatsApp e a preocupação com posts de redes sociais.
O resultado? Um sono fragmentado e não reparador, que se reflete em fadiga crónica, dificuldade de concentração e um humor ainda mais volátil no dia seguinte.
Lembro-me de uma vez em que adormeci com o tablet na mão, acordando horas depois com dores no pescoço e a mente a remoer o que tinha lido online. A nossa capacidade de transitar para um estado de repouso é severamente comprometida quando a tecnologia domina as nossas últimas horas de vigília.
A Magia do Desligamento Consciente: Redefinindo Prioridades Digitais
Para combater o tecnoestresse, não basta apenas “desligar”; é preciso “desligar-se” de forma intencional e consciente, reavaliando o nosso relacionamento com o mundo digital.
Quando comecei a implementar pausas digitais, no início, senti uma espécie de abstinência, uma urgência incontrolável de verificar as notificações. Mas ao persistir, percebi a liberdade que vinha com isso.
É como se estivéssemos a reaprender a respirar sem o peso constante da conectividade. O tecnoestresse prospera na nossa falta de limites e na crença de que precisamos estar sempre disponíveis e atualizados.
No entanto, a verdade é que a maioria das coisas pode esperar. Acreditem em mim, o mundo não vai parar se não respondermos a um e-mail em cinco minutos ou se não virmos o último post de um influencer.
A verdadeira magia acontece quando recuperamos o controle do nosso tempo e da nossa atenção, direcionando-os para o que realmente importa na nossa vida offline.
É um processo gradual, mas recompensador, que me permitiu redescobrir prazeres simples que tinham sido ofuscados pela pressa digital.
1. Horários de Silêncio Digital
Eu costumava manter o telemóvel ao lado da cama, e o primeiro e último ato do meu dia era verificar as redes sociais ou e-mails. Foi uma das piores decisões para a minha saúde mental.
Uma das estratégias mais eficazes que implementei foi a criação de “horários de silêncio digital”. Isso significa definir períodos específicos do dia, como a primeira hora da manhã e a última hora da noite, onde todos os dispositivos digitais são completamente desligados ou colocados em modo avião.
Eu, por exemplo, comecei por proibir-me de usar o telemóvel até depois do pequeno-almoço e, à noite, depois das 21h. No início, parecia uma tortura, mas rapidamente comecei a apreciar a quietude e a oportunidade de me dedicar a atividades como ler um livro físico, meditar ou simplesmente ter uma conversa sem interrupções com a minha família.
Esta rotina ajudou-me a estabelecer limites claros entre a minha vida digital e a minha vida pessoal, permitindo que a minha mente descanse e se prepare para o sono de forma mais eficaz.
É um compromisso comigo mesma para proteger a minha paz.
2. Auditoria de Aplicações e Notificações
Quantas aplicações temos nos nossos telemóveis que sequer usamos? E quantas delas nos bombardeiam com notificações desnecessárias? Eu fiz uma auditoria completa aos meus dispositivos e fiquei chocada(o) com a quantidade de “ruído” que permitia entrar na minha vida.
Comecei por desinstalar aplicações que não usava há meses e, para as restantes, fui impiedosa(o) com as notificações. Desativei tudo o que não fosse absolutamente essencial – mensagens diretas de amigos ou chamadas urgentes.
A maioria das notificações de redes sociais, notícias e e-mails de marketing foram silenciadas ou desativadas por completo. O efeito foi imediato: menos interrupções, menos tentação de verificar o telemóvel e uma sensação de controlo renovada.
Sentimos que estamos a recuperar a nossa atenção, que antes era constantemente desviada por um ping ou um alerta visual. É um passo pequeno, mas poderoso, para diminuir a sobrecarga sensorial e focar-nos no que realmente importa.
Cultivando a Atenção Plena: Tecnologia a Nosso Favor
É fácil culpar a tecnologia por todos os nossos males, mas a verdade é que ela é uma ferramenta neutra. O problema reside na forma como a usamos. A minha jornada com o tecnoestresse ensinou-me que podemos, sim, usar a tecnologia a nosso favor, mas de uma forma mais consciente e intencional.
Trata-se de aplicar princípios de atenção plena (mindfulness) ao nosso uso digital, transformando a relação de uma imposição para uma escolha deliberada.
Não se trata de uma negação total da tecnologia – isso seria impraticável na maioria dos casos –, mas sim de uma utilização mais seletiva e reflexiva, onde cada interação digital é feita com um propósito claro, e não apenas por impulso ou hábito.
1. O Uso Intencional das Redes Sociais
As redes sociais podem ser um poço sem fundo de comparação e validação externa, e eu caí nessa armadilha muitas vezes. A sensação de ter de mostrar uma vida perfeita, de acompanhar as vidas de centenas de pessoas, era exaustiva.
Decidi mudar isso. Em vez de rolar infinitamente o feed, comecei a usá-las com intenção. Antes de abrir uma aplicação, perguntava a mim mesmo(a): “Qual é o meu objetivo ao abrir esta aplicação neste momento?”.
É para verificar uma mensagem específica? Para partilhar algo que me importa? Para aprender algo novo?
Se não havia um propósito claro, eu não abria. Também fiz uma limpeza nas minhas “seguindo”, eliminando contas que me faziam sentir mal, insegura(o) ou que simplesmente não acrescentavam valor à minha vida.
O foco passou a ser a conexão genuína com amigos e familiares, e a busca por inspiração e conhecimento, e não mais a comparação incessante ou a busca por validação.
Senti um alívio enorme ao libertar-me da pressão de estar “sempre online” e “sempre a par”.
2. Criando Zonas Livres de Tecnologia em Casa
A nossa casa deveria ser um santuário, um refúgio da agitação do mundo exterior, incluindo o digital. No entanto, muitas vezes, os ecrãs invadem todos os cantos.
Decidi criar “zonas livres de tecnologia” na minha casa. Por exemplo, a mesa de jantar é uma zona sem telemóveis, onde a atenção é totalmente dedicada à refeição e à conversa com a família.
O quarto também se tornou uma zona livre de ecrãs, especialmente antes de dormir, para promover um sono mais reparador. Isso significou investir num despertador tradicional e deixar o telemóvel a carregar noutra divisão durante a noite.
É incrível como essas pequenas mudanças podem ter um impacto gigantesco na qualidade das interações familiares e na nossa capacidade de realmente “estar presente” no nosso próprio lar.
O silêncio e a ausência de distrações visuais e sonoras proporcionados por estas zonas criam um ambiente de calma e introspeção, que considero essencial para o bem-estar mental.
Estratégias de Autocuidado para o Mundo Hiperconectado
O tecnoestresse não é apenas uma questão de gerir o tempo de ecrã; é uma questão de autocuidado holístico. Na minha experiência, percebi que, se o corpo e a mente não estão em equilíbrio, somos muito mais suscetíveis aos efeitos negativos da sobrecarga digital.
É como se a tecnologia encontrasse uma brecha nas nossas defesas quando estamos exaustos ou negligenciamos as nossas necessidades básicas. Portanto, a par das estratégias digitais, é fundamental integrar práticas de autocuidado que reforcem a nossa resiliência e nos ajudem a recarregar as energias, permitindo-nos enfrentar o mundo digital de uma posição de força e não de fraqueza.
1. Priorizando o Sono Reparador
Eu não dava ao sono a devida importância. Achava que dormir era uma perda de tempo, algo que podia ser sacrificado em nome da produtividade ou do entretenimento digital.
Grande erro! A privação de sono é um terreno fértil para o tecnoestresse, tornando-nos mais irritáveis, menos focados e mais propensos a tomar decisões impulsivas, como rolar o feed das redes sociais por horas a fio.
Comecei a tratar o sono como uma prioridade inegociável, tal como a alimentação e o exercício. Isso significou estabelecer uma rotina de sono consistente, ir para a cama e acordar à mesma hora todos os dias, incluindo fins de semana.
Também incorporei um ritual relaxante antes de dormir: um banho quente, chá de camomila, leitura de um livro e, claro, o banimento de ecrãs do quarto.
Os resultados foram transformadores. Com um sono de qualidade, sinto-me mais alerta, mais paciente e muito mais capaz de gerir as exigências do mundo digital.
É o nosso superpoder secreto contra a sobrecarga.
2. A Importância da Atividade Física e da Natureza
Passar horas sentado(a) em frente a um ecrã não é saudável para o corpo, nem para a mente. Eu percebia que, após longos períodos no computador, a minha postura piorava, os meus olhos ficavam secos e a minha mente parecia “nublada”.
A solução? Movimento e ar fresco. Inseri pequenas pausas ativas na minha rotina, levantando-me para esticar as pernas a cada hora.
Mais importante ainda, comecei a passar mais tempo na natureza. Uma caminhada no parque, um passeio de bicicleta à beira-rio, ou simplesmente sentar-me num banco a observar as árvores.
A natureza tem um poder restaurador incrível. Ela acalma a mente, reduz o estresse e proporciona uma perspetiva muito necessária sobre a nossa vida. É um antídoto natural para a sobrecarga sensorial e mental que a tecnologia nos impõe.
Não há notificação que se compare à sensação do sol na pele ou ao som dos pássaros a cantar. Esta reconexão com o ambiente natural é, para mim, um pilar fundamental na gestão do tecnoestresse.
Ferramentas e Hábitos para uma Vida Digital Mais Equilibrada
No meu percurso para uma vida digital mais equilibrada, aprendi que não precisamos de abdicar da tecnologia por completo. Pelo contrário, podemos tirar partido de certas ferramentas e cultivar hábitos que nos ajudem a usá-la de forma mais inteligente e menos compulsiva.
É uma questão de otimizar a nossa interação, em vez de a cortar. Acreditem, é possível coexistir harmoniosamente com os nossos dispositivos, desde que sejamos intencionais na forma como os integramos nas nossas vidas.
1. Usando a Tecnologia para a Produtividade Consciente
Parece uma contradição, mas a tecnologia pode ser uma aliada na luta contra o tecnoestresse, se usada com sabedoria. Eu comecei a usar aplicações de gestão de tempo e bloqueadores de sites para me ajudar a manter o foco durante o trabalho.
Ferramentas como o “Forest” ou o modo “Foco” dos smartphones podem ser excelentes para criar períodos de concentração ininterrupta, bloqueando distrações e lembrando-nos de fazer pausas.
A chave é usar estas ferramentas para nos ajudar a ser mais eficientes nas nossas tarefas digitais, e não para nos manter “ligados” por mais tempo.
2. Criando Rotinas Digitais e Analógicas
Para mim, a estrutura é crucial. Comecei a criar rotinas diárias que integravam tanto atividades digitais quanto analógicas. Por exemplo, dedicar um período específico do dia para responder a e-mails e mensagens, e outro período para atividades completamente offline, como cozinhar, pintar ou jardinagem.
Ter esses “blocos” de tempo ajuda a compartmentalizar a minha vida digital, evitando que ela se espalhe e domine todo o meu dia. É como ter um horário para o trabalho, mas também um horário para o lazer sem ecrãs.
Este equilíbrio permite-me desfrutar dos benefícios da tecnologia sem me sentir sobrecarregada(o) por ela.
Sinal de Tecnoestresse | Impacto na Sua Vida | Estratégia de Mitigação |
---|---|---|
Ansiedade/Irritabilidade constante | Afeta o humor e as relações pessoais, leva à fadiga mental. | Implementar “horários de silêncio digital”, meditação. |
Dificuldade em desconectar/Problemas de sono | Fadiga crónica, menor capacidade de concentração. | Priorizar rotinas de sono, banir ecrãs do quarto à noite. |
Redução da capacidade de foco | Dificuldade em completar tarefas, procrastinação. | Auditoria de notificações, uso de bloqueadores de distração. |
Necessidade constante de verificar o telemóvel | Dependência, sensação de FOMO (medo de perder algo). | Uso intencional das redes sociais, limites diários. |
O Poder da Desconexão para a Criatividade e Bem-Estar
Lembro-me de quando, em criança, passava horas a construir coisas com peças de Lego, a desenhar ou a escrever histórias, sem qualquer distração digital.
Essas eram as alturas em que a minha mente voava mais livre. À medida que o tecnoestresse se instalou na minha vida adulta, percebi que a minha criatividade parecia ter secado.
A sobrecarga de informação e a constante necessidade de reagir deixavam pouco espaço para a introspecção e a inovação. Foi então que descobri o poder transformador da desconexão, não apenas como uma forma de evitar o negativo, mas como uma porta para o positivo – para a renovação da criatividade e para um bem-estar mais profundo e autêntico.
Acreditem, os momentos mais inspiradores na minha vida aconteceram longe de qualquer ecrã.
1. Redescobrindo Hobbies Analógicos
Eu costumava justificar a minha falta de hobbies com a desculpa da “falta de tempo”, mas a verdade é que o tempo era gasto nas redes sociais ou a navegar sem rumo na internet.
Quando comecei a limitar o meu tempo de ecrã, de repente, surgiu um vazio que precisava ser preenchido. Foi então que redescobri o prazer de atividades analógicas: ler livros físicos, pintar com aguarelas, cozinhar receitas complexas, jardinagem, e até mesmo aprender a tocar um instrumento.
Estas atividades não só proporcionam uma pausa bem-vinda da estimulação digital, como também estimulam diferentes partes do cérebro, promovem a atenção plena e trazem uma sensação de realização tangível.
Não há “likes” a buscar, apenas a satisfação pessoal e o prazer de criar. Este tipo de engajamento profundo, sem a interrupção constante das notificações, é um bálsamo para a alma sobrecarregada e um catalisador para a criatividade que eu pensava ter perdido.
2. A Importância da Desconexão Social
Vivemos numa era onde a “conexão” digital é glorificada, mas quantas dessas conexões são realmente significativas? Eu senti-me isolada(o) e sozinha(o) mesmo com centenas de “amigos” online.
Percebi que precisava de priorizar a desconexão social *online* para poder me conectar verdadeiramente *offline*. Isso significa ter encontros reais com amigos, sem o telemóvel em cima da mesa.
Significa dedicar tempo de qualidade à família, sem a distração das mensagens a piscar. Significa, por vezes, simplesmente estar sozinho(a) com os nossos próprios pensamentos, sem a pressão de partilhar cada momento ou de estar constantemente disponível.
A capacidade de estar em silêncio, de desfrutar da nossa própria companhia ou da companhia de quem está fisicamente connosco, sem a necessidade de um dispositivo, é uma habilidade que estamos a perder, mas que é fundamental para a nossa saúde mental.
Olhando para o Futuro: Uma Convivência Saudável com a Inteligência Artificial
Ainda agora estamos a digerir a avalanche de informação e interação da era das redes sociais, e já somos confrontados com a próxima revolução: a Inteligência Artificial.
Sinto uma mistura de entusiasmo e apreensão. O futuro promete uma integração ainda mais profunda da tecnologia nas nossas vidas, com a IA a otimizar quase tudo.
A questão é: como podemos evitar que a IA se torne mais uma fonte de tecnoestresse, em vez de uma ferramenta de empoderamento? A minha experiência diz-me que a chave reside em antecipar os desafios e construir, desde já, uma base sólida de hábitos digitais saudáveis.
É como preparar o nosso sistema imunitário para novas ameaças – quanto mais forte estivermos, melhor seremos capazes de lidar com o que vem.
1. Educação e Conscientização Contínua
O primeiro passo, e talvez o mais importante, é mantermo-nos informados, mas de forma consciente. Não se trata de consumir todas as notícias sobre IA obsessivamente, mas de compreender os seus princípios, os seus benefícios potenciais e, crucialmente, os seus riscos para o bem-estar mental.
Eu procuro fontes de informação confiáveis e imparciais, focando-me em como a IA pode ser usada para aumentar a nossa produtividade e criatividade, em vez de nos sobrecarregar.
É fundamental educarmo-nos sobre como a IA pode influenciar a nossa atenção, as nossas emoções e as nossas decisões. Ao estarmos cientes, podemos tomar decisões informadas sobre quais tecnologias adotar e como integrá-las nas nossas vidas de forma ética e saudável, sem nos tornarmos meros peões num jogo algorítmico.
2. Definindo Limites com as Ferramentas de IA
Assim como definimos limites para as redes sociais, precisaremos de fazer o mesmo com as ferramentas de IA. A promessa de “otimização” e “automação” pode ser sedutora, levando-nos a delegar demasiado, perdendo habilidades ou, pior, a sentir que nunca somos “bons o suficiente” sem a ajuda da máquina.
É vital questionar: “Esta ferramenta de IA realmente me ajuda ou me torna mais dependente e ansiosa(o)?”. Devemos usar a IA para nos libertar para tarefas mais criativas e significativas, e não para nos acorrentar a mais ecrãs ou a mais estímulos.
A minha abordagem é ver a IA como um assistente, e não como um substituto para as minhas próprias capacidades de pensamento crítico, empatia e criatividade.
A humanidade da nossa experiência não pode ser terceirizada.
Finalizando
A jornada para gerir o tecnoestresse é, acima de tudo, uma viagem de autodescoberta e de redefinição dos nossos limites num mundo incessantemente conectado. Não se trata de abandonar a tecnologia, que afinal é uma parte intrínseca da vida moderna, mas sim de cultivar uma relação mais consciente e saudável com ela. Percebi que o verdadeiro poder reside em fazer escolhas intencionais, em priorizar o nosso bem-estar mental e físico, e em criar espaços de quietude onde a nossa mente possa verdadeiramente descansar e florescer. Lembre-se, o controlo está nas suas mãos, e a magia da desconexão é uma ferramenta poderosa para redescobrir a alegria e a calma no seu dia a dia. Comece hoje mesmo a aplicar estas estratégias e sinta a diferença.
Informações Úteis para Saber
1. Comece pequeno: Não é preciso um detox digital radical. Pequenas pausas de 5 minutos a cada hora já fazem uma grande diferença na sua concentração e bem-estar.
2. Explore aplicativos de bem-estar: Existem inúmeras ferramentas digitais que podem ajudá-lo a gerenciar seu tempo de tela, praticar meditação ou registrar seu humor, transformando a tecnologia numa aliada.
3. Converse sobre isso: Falar com amigos ou familiares sobre suas dificuldades em gerir o tempo digital pode criar um sistema de apoio valioso e novas estratégias partilhadas.
4. Reconecte-se com a natureza: Passar tempo ao ar livre, mesmo que seja apenas no seu jardim ou num parque próximo, reduz significativamente os níveis de estresse e melhora a clareza mental.
5. Procure apoio profissional: Se o tecnoestresse estiver a impactar seriamente a sua vida pessoal ou profissional, um psicólogo ou terapeuta pode oferecer estratégias personalizadas para o ajudar a gerir essa sobrecarga.
Resumo dos Pontos Importantes
Identificar os sinais do tecnoestresse, como ansiedade e problemas de sono, é o primeiro passo. É crucial implementar o desligamento consciente através de horários definidos e auditoria de notificações. Cultivar a atenção plena, usando a tecnologia com intenção e criando zonas livres de ecrãs, é fundamental. Priorizar o autocuidado, incluindo sono reparador e atividade física na natureza, fortalece a resiliência. Por fim, para um futuro com IA, a educação contínua e a definição de limites são essenciais para uma convivência saudável e empoderadora.
Perguntas Frequentes (FAQ) 📖
P: Como posso identificar se estou a sofrer de tecnoestresse no meu dia a dia? Quais são os sinais mais comuns que devo estar atento(a)?
R: Olha, pela minha experiência, e vejo muito isto à minha volta – amigos, família, até eu mesmo, por vezes – os sinais são subtis, mas presentes. É aquela sensação constante de ter de verificar o telemóvel, mesmo quando não vibrou, ou quando estás a falar com alguém e a tua mente já está a pensar no que está a acontecer nas redes sociais.
A ansiedade de ‘estar a par’ de tudo, de não perder nada, é um fardo. Ou aquela exaustão mental ao fim do dia, não por teres feito trabalho físico, mas por teres estado sempre ‘ligado’, a processar informação.
Outro sinal claro para mim é a dificuldade em “desligar” à noite, com o cérebro a mil por hora, ou acordar e a primeira coisa que fazemos é agarrar no telemóvel.
Se te sentes irritado(a) quando não tens acesso à internet ou ao teu aparelho, ou se a qualidade do teu sono piorou sem razão aparente, é um grande indicador.
P: Quais são as estratégias mais eficazes e fáceis de aplicar para gerir o tecnoestresse no nosso dia a dia agitado, sem ter de abandonar a tecnologia?
R: Ah, esta é a parte que me interessa mais, porque não basta só falar, temos de agir, não é? A estratégia mais eficaz que encontrei, e que partilho com quem me pergunta, é a de estabelecer limites claros.
Parece simples, mas é poderoso. Por exemplo, desativar notificações para a maioria das aplicações, deixando só o essencial – só as chamadas, se muito.
Criar ‘zonas livres de tecnologia’: à mesa, por exemplo, ou pelo menos uma hora antes de dormir. Eu comecei por tentar desligar-me do telemóvel ao domingo de manhã, para desfrutar de um café com mais calma e sem interrupções, e a diferença foi brutal.
Outra coisa que faço é agendar momentos para verificar e-mails e redes sociais, em vez de estar constantemente a interagir. Não se trata de abandonar a tecnologia, mas de a usar a nosso favor, e não o contrário.
É sobre recuperar o controlo do nosso tempo e atenção.
P: Se não for gerido, que impacto a longo prazo o tecnoestresse pode ter na nossa saúde mental e bem-estar geral?
R: Pois é, e isto é algo que me preocupa seriamente, porque vejo as consequências em pessoas que conheço e que, por vezes, negligenciam isto. A longo prazo, o tecnoestresse pode levar a um esgotamento mental crónico.
Falamos de insónias persistentes, de uma dificuldade crescente em concentrar-nos até nas coisas mais simples, e de um aumento da ansiedade e até da depressão.
É como uma pequena fuga no barco que, se não for reparada, pode afundá-lo lentamente. As nossas relações pessoais também sofrem, porque estamos fisicamente presentes, mas mentalmente noutro lado, agarrados ao ecrã.
Perdemos a capacidade de estar verdadeiramente presentes e de desfrutar dos momentos com amigos e família, de ter conversas profundas e olho no olho. E, para mim, isto é o mais grave: a perda da nossa capacidade de simplesmente ser e viver, sem a constante necessidade de validação ou de estar conectado.
É um desgaste silencioso, mas com um impacto profundo na nossa qualidade de vida.
📚 Referências
Wikipedia Encyclopedia
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